sábado, 19 de dezembro de 2009

Zé Chuvarada de Dezembro

Eu fui em dezembro a Paraúna, fui lá
só pra me encontrar com Maria da Uva dos Seios,
eu fui lá e me encontrei com Maria numa noite
e digo que essa noite era um pássaro no seu ninho
e digo que era uma chuvarada de dezembro.
Zé Chuvarada de Dezembro, me falou o pássaro
e eu disse que eu era apenas um atrás de Maria.
É que as pontes caíram, riachos se verteram no transborde,
galinhas se ardiam no gogo, mulheres novas adoeceram
e as velhas minaram vidas nos ossos. E o pássaro
no seu ninho foi levado na correnteza, um doce ninho, uma
braba correnteza, quando fui lá, sei tudo que o pássaro
pensou de mim, pensou que eu era um soldado derruibando
as moradas, matando os bichos, maltratando a gente
e eu bem sei o que o pássaro pensou mais de mim:
qui eu era um demônio maltratando gentes
e ele sempre falou pro seu neto do Zé Chuvarada
da tristeza e fome trazidas por Zé Chuvarada de Dezembro.
Tudo eu sei o que o pássaro pensou de mim.
Tudo eu sei, imaginando, no que minha Maria da Uva
me contestou dizendo: o pássaro nunca pensou
nada de ruim, quem sabe o pássaro foi levado na correnteza
no seu ninho e morreu? do destroço de árvores que caíram
e do estrondo do trovão que se exibiu? da avalanche
do desterro que levou ponte, boi e aves no seu ninho?
Quem sabe o pássaro não saiu na arribação? mina lá
suas cantorias em mui outros corações? quem sabe Zé
Chuvarada de Dezembro num é primo irmão
de Zé Brisas Mansas e arremedo de Zé
Bico Doce e certo e amigo de Claro Dias de Bonança?
Enquanto o homem viver no desamparo do destino,
Zé Chuvarada de Dezembro se chamará.


O Dinossauro dos Sete Mares- Zé Chuvarada de Dezembro

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Contatos & Sugestões

Bom, agora que tudo vai nos trincos, esperamos a colaboração dos leitores para que o blog seja uma fonte rica da poética do José Godoy Garcia. Continuem comentando...!
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