quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

50 anos de Poesia

"Em Brasília, o sabiá sempre canta.
Quem virá a Brasília ouvir seu canto?"


-José Godoy Garcia

domingo, 9 de dezembro de 2007

O Automóvel é um Dragão





Para: Sérgio Kirov Godoy Garcia.

“O automóvel é um dragão que está comendo o mundo e o mundo sabe e se regozija, quer mais, sonha, delira, rouba, mata, expõe ao escárnio, um inferno de baratas, um inferno de fogo e crime, uma enxurrada negra e grená, filha dos quintos dos infernos, pus, guspe, caveira, pústula, o flagelo da ira celeste, o gládio do Senhor, cautério, açoite, cadafalso, meticuloso reinol do luto e da impostura, covarde covardia, pilantra, caviloso, canalha, manequim, pantalão, bandalho, dandy, boneco de alcorça, petimetre, chibante, lacaiada, Calibã, Quasímodo, puto, macaca, tartaruga, hipopótamo, sapo. Fúria sangrenta. O automóvel é uma Hiroxima e será ainda e sempre uma sodoma e gomorra de óleo e sangue.”

O Flautista e o Mundo Sol Verde e Vermelho p.32

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Repto a José Godoy Garcia

Em alguma estrela,
Em alguma bandeira,
Em alguma tapera,

Como ele queria,
Em alguma beira,
De rio,

Na companhia da moça,
Loirinha,
De olhos bem azulados.

Cachaça com rapadura,
Formidável bebedeira,
Não da que explode a culatra,
De saber embriagar-se.

Que homem, liberto,
Por inteiro.

Ah, como dói,
A falta que você nos faz,

Meu amigo,
José Godoy.

Sérgio Muylaert
Lago Sul, 30-11-07

domingo, 2 de dezembro de 2007

Especial para o Jornal Opção

Especial para o Jornal Opção

Em dezembro do ano de 1966, vô Godoy escreveu uma dedicatória para meu pai no livro O Caminho de Trombas. Logo dizia:

Este menino valoroso, de grande caráter, digno e honrado, como nenhum outro que tenho conhecido. Estude, Julius, só um homem culto terá o conhecimento longo de vida e a compreensão elevada para os tradicionais problemas da vida. Que você continue a ter uma adolescência e idade madura, o mesmo intelecto cidadão que foi na infância. Para ler a seus filhos e a amada. Um grande abraço”.

Desinteressar-se por um conjunto de poemas com versos que sempre conservam os temas Terra e Água e buscam a liberdade de pensamento, de ação e de vida tal como ele adota — uma filosofia baseada no marxismo, especialmente na estética de Lukács —, não seria a forma correta de aproveitar os tesouros deixados pelo vô.
Neste poema encontrei parte do que se caracteriza a obra dele em um poema só:
“Do que o homem mais gosta”

A segunda coisa que mais gosta é voar. O homem desde a eternidade anda por cima das árvores, dos rios e das casas”.

‘A terceira coisa de que mais gosta é rio, nem sempre está alerta, mas é rio. ‘A quarta, as alegres chuvas.

‘(...) a nona o horizonte ao longe (...).

‘(...) a décima sétima o regozijo geral do dia da idéia fraterna, vingar como as chuvas e o sol no mundo.

‘Ah, e a primeira: o suor e a espera desse dia.”
De Aqui é a Terra, p. 235.

Primeiramente, o homem está em busca de liberdade com o desejo de voar, na segunda coisa.

Na terceira coisa que ele mais gosta é de água, assim como a quarta e a décima quinta coisas que ele mais gosta.

Remete a um lugar ao longe, a “terra”, o que vem logo após.

No verso “Regozijo geral do dia da idéia fraterna” Godoy põe um sentimento forte de alegria. Em “vingar como as chuvas e o sol no mundo” propõe liberdade utilizando elementos da natureza, que ele freqüentemente usa em suas poesias.

Logo “o suor e a espera desse dia” é o que sempre ele quer transmitir em seus poemas. Quase sempre ele utiliza um item dessa poesia em sua obra. E com certeza ele consegue superar estes itens e ainda realizar infinitas formas de fazer suas estrofes. Assim, não se arrependerá quem ler ao menos uma palavra dos tesouros deixados por José Godoy Garcia, meu vô.

JULIANA GODOY, 15 anos, estudante, neta de José Godoy Garcia.