sexta-feira, 25 de janeiro de 2008


Tudo tem seu tempo (1943)

Tudo tem seu tempo na pequena cidade.
Tempo de casamento.
É uma fartura de casamento.
As mocinhas novas enjeitam
As velhas se entregam.


Tempo de morte.
É uma fartura de morte.

Morre moça, velho, menino.
Morre mãe de família.

Tempo de fartura, também.
Verduras no mercado, frutas, bonitas,
meninos gordos, armários cheios,
um frango grande por dois mil réis.
Tempo de epidemia!
Notícias correm assombrosas.
Meninos mortos, meninos doentes.
As estradas cheias.
Vem gente da roça, gente na rede,
os da cidade vão se tratar nos outros centros.

Tempo de moça bonita.
É uma fartura de moça bonita.
Tempo de moça feia.
Dura demais esse tempo.
Tudo tem seu tempo.
Meninos rezadores.
Têm seu tempo.
Banhos no poço.
Têm seu tempo.
Pião rodando.
Tem seu tempo.
Papagaio de rabo.
Tem seu tempo.
Baile de sanfona.
Tem seu tempo.

Mocinhas faladas.
Têm seu tempo.
Assassinato.

Só uma coisa na pequena cidade
não tem seu tempo:
é a miséria.

Aqui ela vive sempre.


terça-feira, 22 de janeiro de 2008

2008

Desejo tudo de bom pra todos(as) que acompanham (ou não) as postagens do blog! Nada melhor que uma poesia para começar o ano com "pé direito"!


"Naquela estrada, como que não acontecendo nada,
tudo vivia, tanto o velho sonhava,
como ainda o menino sonhava, e o que era
extraordinário e simples:
tanto o velho realizava os seus
sonhos, como também o menino
realizava os seus.
O sonho do velho era a estrada,
ele a tinha nas mãos, o seu sonho era o menino.
E assim também o menino sonhava aquele
horizonte que vivia, sonhava ter o velho
por companheiro, indo os dois sempre
buscando água e sempre avançando caminho
rumo às montanhas." p. 39



"A mais bela sinfonia do mundo é a da manhã."
p. 47




Retirado do livro "O Flautista e o Mundo Sol Verde e Vermelho" de José Godoy Garcia.
(As imagens são apenas ilustrações improvisadas das estrofes).